Dois Irmãos

Dois Irmãos, Recife : Fantasmas, História e uma Pitada Picante.

Dois Irmãos ...Das histórias pitorescas , estranhas, passando pelos relatos picantes e até as lendas mais assombradas, o Bairro de Dois Irmãos no  Recife tem muita coisa para revelar. Conheça aqui o dossiê mais completo sobre o bairro, curiosidades e sua assombração mais famosa: BRANCA DIAS!

Bairro de Dois Irmãos, Recife : Uma Região da Cidade Com Histórias Incríveis!

Quem anda pelos arredores do Recife, na maioria das vezes,  assim desconhece suas histórias e fatos pitorescos.

Às vezes, caminhamos por terrenos que abrigaram batalhas sangrentas, e sequer desconfiamos.

COM TODA CERTEZA, todas as ruas e Bairros do Recife estão de fato salpicadas do sangue das revoltas e das lutas libertárias ao longo dos séculos.

Poço da Panela - 1847 (W.Bassler)- Dresden . Ao Fundo, à esquerda, vemos a Igreja de Nossa Senhora da Saúde.

Poço da Panela - 1847 (W.Bassler)- Dresden . Ao Fundo, à esquerda, vemos a Igreja de Nossa Senhora da Saúde.

Além dos horrores das guerras, também outras coisas interessantes permeiam as histórias dos bairros  da cidade. Algumas ganham o cunho de assustadoras, e mesmo bem picantes, com um toque de safadeza brasileira. É o caso do conhecido Bairro de Dois Irmãos.

Uma História para Lá de Velha

   Dois Irmãos começou assim  sua história dentro da grande área do ENGENHO APIPUCOS. Já em 1593 este engenho estava trabalhando a todo vapor. Pertencia então ao colono Leonardo pereira, com lavramento em Olinda datado de 1577.
    Em 1645 enfim  já estava construída a capela, que a posteriori deu origem à Igreja de Apipucos. O engenho então sofreu revezes e vitórias até os finais do século XVIII, quando entrou em franca decadência, ao contrário do entorno, que crescia cada vez mais, formando já os arredores de APIPUCOS.
   A cultura da cana de fato estava em declínio, até praticamente ser extinta na área. Neste tempo, já Apipucos englobava, como dito, o atual bairro de Dois Irmãos. Bairro tão irmão de Apipucos como Seu Toné e Seu Coló. Os Dois Irmãos.

“Viva o seu Toné,
E o seu Coló também,
Vivam os dois irmãos
Que se querem muito bem.”

   Logo nas primeiríssimas décadas do século XIX, na área de APIPUCOS, foi construído o engenho dos Dois Irmãos. É confirmado que, em 1830, já o engenho novo produzia a todo vapor. Antônio Lins de Caldas e Thomaz Lins de Caldas eram irmãos e co-proprietários desta área, por herança de seu pai.
Antônio, ou “Seu Toné”, serviu ao exército. Em 1824 era alferes do esquadrão de cavalaria de linha do Recife. Foi tenente-coronel a posteriori, e exerceu fortemente a carreira política até 1831, quando se retirou para suas terras de Apipucos.

Thomaz, o "Seu" Coió

Thomaz, o “Seu Coló” por sua vez figurou na revolução separatista de 1817. Foi assim  aprisionado pelas forças de Luís do Rêgo. E enviado à Bahia , após a batalha de Pindoba. Lá permaneceu encarcerado até meados de 1821. Considerado um herói de guerra e revolucionário de primeira.

   Segundo Pereira da Costa, Thomaz  fora  então preso exatamente por fazer discursos públicos em bares e clubes. Incentivava os frequentadores à revolta. De volta à Recife, ingressou na vida política, se tornando vereador.

    Mais que tudo, estes dois irmãos de fato eram muito unidos, apreciavam um ao outro. Tanto, que o engelho deles possuía duas casas-grandes, uma para cada um dos co-proprietários. Ficava entre os Engenho Poeta e Novo Apipucos. Eram cortados pelos riachos Camaragibe e Souza leão ( Como eram denominados na época).

    A grande curiosidade é que, uma das casas permanece até hoje, e reformada, foi moradia de Gilberto e Magdalena Freyre. Atualmente,  a Casa-Museu Magdalena e Gilberto Freyre, berço da Fundação que lá atua.

     As casas gêmeas abrigavam as duas linhagens. Eram extremanente incomuns, justo pelo fato de serem duas casas de engenho, no mesmo terreno. Mas não era apenas isso que havia de incomum na vida dos habitantes do Engenho Dois Irmãos, não...

 

História cabulosa!

   A história mais cabeluda, para não dizer a mais picante relacionada aos irmãos não veio de contendas familiares ou brigas por herança, ou algo do tipo. Como dito, eles eram bastante amigos e se queriam muito bem.  De Thomaz Lins de Caldas pouco ou quase nada há de registros pós 1831, talvez as citações de refugiar revolucionários da Revolução Praieira, em 1848.

   Antônio Lins de caldas teve uma vida digamos um pouco mais...movimentada.

   Seu Toné vivia com quatro mulheres simultaneamente. Todas irmãs. O pesquisador do Instituto Arqueológico e Geográfico pernambucano, Tácito Galvão, esteve à frente destas pesquisas pitorescas.

     O que se sabe e foi trazido à luz é que, em cerca de 1830, Antônio resolveu que seria bem interessante ter à mão algumas esposas. Obviamente, não era um casamento convencional, na igreja. Com certeza deve ter sido um escândalo.

      Morava junto com as quatro irmãs consanguíneas: Sebastiana Maria da Conceição, Anna Correia de Mello, Manuella Luzia de mello e Antônia de Mello Barros. 

      Com elas, teve 9 filhos: Francisco Lins Caldas (com Sebastiana), Carolina Lins Caldas e Livina Lins de mello (com Anna), Thomaz e Olímpia Lins caldas (com Manuella),  Felinto Elizo Lins de Mello, Antônio Lins caldas , Maria (natimorta) e Carlos Augusto Paes Barreto .

      E parece que isso virou um tipo de tradição, pois seu filho mais velho, Francisco Lins caldas, casou-se com a outra tia, Maria José de mello, a quinta irmã.  All runs in the family.

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E o engenho? Era uma construção simples, e não durou muito. Produzia açúcar, mas aos poucos foi se tornando cada vez mais lucrativo na produção de capim. Antônio caldas foi um dos maiores produtores de capim da Freguesia de Nossa Senhora da Saúde do Poço da Panela.
    Seu Antônio, este então insuspeito Don juan pernambucano, faleceu dia 17 de maio de 1856. Mas antes de morrer, oficializou sua união com uma das quatro irmãs, Anna Correia de mello.
    Seus herdeiros ainda mantiveram o engenho por algum tempo, mas depois venderam a propriedade, em 1875, para a companhia Beberibe, que tinha interesse no então Açude da Prata. A Companhia em suma  já utilizava as águas de Dois irmãos em 1845,quando surgiram as primeiras instalações de encanamento d’água para Recife. A aquisição do Açude certamente  ajudou a aumentar o benefício da água encanada na cidade, em termos de pressão e altura.

Ilustração Album de Pernambuco, da Estaçãode Beneficiamento de Beberibe, 1846

Ilustração Album de Pernambuco, da Estaçãode Beneficiamento de Beberibe, 1846

Dois Irmãos: De então até hoje

Dois Irmãos era o bairro onde terminava o circuito da a Maxambomba, a linha de trens urbanos do Recife. Por um tempo também louvado pelo seu bom clima e ares salutares.
Em 1916, sob o governo de Dantas Barreto, foi instalado o Horto zoo-Botãnico, do qual falaremos mais adiante.
Possui uma Zona Especial de Interesse Econômico e Social (ZEIS) denominada de Córrego da Fortuna, ao lado da UFRPE. A maior parte do bairro é coberto pela Floresta de Dois Irmãos, a maior área verde da cidade do Recife. A praça do bairro, Praça farias Neves, foi projetada pelo paisagista Burle Max

Litografia de Luís Schlappriz. "Album de Pernambuco". Apipucos em 1863.

Litografia de Luís Schlappriz. "Album de Pernambuco". Apipucos em 1863.

Apipucos em 1878, Litografia de Francisco Henrique Carls.

Apipucos em 1878, Litografia de Francisco Henrique Carls.

 

 

E o Terror? Onde Está?

     O terror é certamente para Dois irmãos como o Riacho da Prata é para o início do fornecimento de água no Recife: flui de forma assustadora.

     Aliás, a lenda mais famosa associada ao famoso Riacho da prata é justamente a que originou seu nome peculiar.

      Na região outrora então denominada de Pedra Mole, próximo do Horto de Dois Irmãos, havia uma reduzida povoação, à margem do Lago da Prata. Este, vem do noroeste de Recife.

      Reza a lenda que Branca Dias, outrora senhora de Engenho de camaragibe, Apipucos e Olinda,no século 16 foi assim denunciada ao Tribunal do Santo Ofício de Portugal por crime de Judaísmo. Com medo de que os inquisidores pegassem suas ricas pratarias, ela certamente as lançou no Riacho. De repente, o riacho começou a emitir um brilho argênteo e cristalino. Desde então, todo tipo de assunto sobrenatural é visto ali, e à Branca Dias é atribuída assombração do Riacho da Prata.

      Podemos assim  falar sobre isto, pesquisando um pouco da história de Branca Dias. Apesar de ser esta a lenda difundida, Costa Porto, em seu livro “Nos Tempos do Visitador” afirma não ser exatamente assim .

      Branca Dias veio para Recife então  segregada já pelo Santo Ofício, e aqui assumiu uma postura de Cristã nova, ou convertida ao cristianismo. Aqui chegando, em 1545, foi morar no Engenho santiago de camaragibe.

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Na ocasião em que seu marido, Diogo Fernandes teve seu engenho incendiado, Branca Dias fundou, em Olinda, a primeira escola doméstica privada que se tem notícia no Brasil. Nela, as mocinhas Olindenses aprendiam os rudimentos do lar.

      Apesar de Cristã Nova, Branca Dias nunca abandonou a fé judaica, nem seus costumes, tais como guardar o sábado. Neste seu livro, Costa Portosempre  afirma que ela morreu bem antes da visita do Santo Ofício, entre 1593 e 1595. E que seus familiares, no entanto, foram expatriados.

      Deixo as duas versões, pois são bem aceitas por diversos historiadores.

Curiosidades sobre o horto Zoo Botânico

   O nosso zoológico de fato  merece um aparte para algumas coisa pitorescas que lá acontecem.

    Tendo completado 100  anos em 2016, permanece com uma infraestrutura precária, incompatível com a necessidade de se preservar um ambiente no mínimo tolerável para os animais. São  então 14 hectares, que englobam parte da área de Pedra Mole e Riacho da Prata.

    O leão LEO, que lá habita, é o único sobrevivente do massacre do circo VOSTOK, em 2000. Era um filhote, na época.

   Os leões do circo, de fato subnutridos, arrastaram um menino de seis anos para dentro da jaula e o mataram. Para recuperar os restos mortais da criança, A polícia militar lá entrou e atirou em todos os leões, inclusive o pai de Leo. Até hoje, o leão fica nervoso ao ver policiais fardados.

   Uma das macacas –aranha de testa branca, Cristina, com 22 anos, é obrigada a fazer regime, pois tende a ganhar peso devido ao cativeiro. Mas mesmo assim, adora uva passa. Um outro macaco, desta vez um chimpanzé de nome SENA, tem mais de 60 anos e é assim  considerado um dos mais velhos chimpanzés de Pernambuco, e com certeza o mais velho em exposição.

  São cerca de 400 animais diversos, em ambientes simulados de habitat.

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