Teatro santa Isabel, e a Maxambomba.
Transportes urbanos então eram então bem mais terrestres. Assim, os escravos carregavam nas cabeças pianos para as casas dos abastados. Ou então levavam também os famosos “tigres”. Baldes de excrementos que eram tirados das casas para ser esvaziados no Rio Capibaribe.
Carregavam nas carretas as sacas de açúcar, tonéis de vinho e outras coisas mais pesadas.
Depois, para cargas, surgiram assim os carros de bois, típicos de Recife. Compridos e baixos, puxadas por um só boi com um sininho no pescoço. O condutor ia ao lado, com um chicotinho. Estas carroças também existiram por quase meio século, desaparecendo por completo em 1905.
Em 1878, já tínhamos então a empresa LOCOMOTORA, de transportes urbanos e cargas. Eram carros abertos, puxados a quatro ou seis burros, sobre trilhos. Estes trilhos eram barras de ferro em armações de pinho, que viviam quebrando com o peso das cargas, esburacando as ruas . Na época, havia muitas denúncias disto nos jornais locais.
Um relato de um contemporâneo da LOCOMOTORA diz de fato que eram os carros guiados por um cocheiro com chicote. o cocheiro então era acompanhado de alguns negros (para carga e descarga). O cocheiro assim gritava com os burros, para fazê-los subir nas ruas de mais difícil acesso do Bairro do Recife ou pontes da cidade. A empresa durou pouco, fechando portas em 1881.
Para transporte de pessoas, havia também a opção dos já citados ônibus a burro, desde 1850. havia também os “trilhos urbanos”, ou trens de subúrbio, as MAXAMBOMBAS (machine pumps).
Os ônibus a burro foram substituídos então, em 1870, por trilhos dos então BONDES A BURRO . Eles comportavam 30 passageiros, e assim corriam em trilhos metálicos baixos.
A empresa responsável pelos bondes , chamava-se PERNAMBUCO STREET. Estas novidades modificaram o Recife de então. Os primeiros bondes iam até a Estrada dos Remédios, e eram assim fechados, por este motivo sendo chamados de “baús” pela população em geral.
O primeiro desastre de bonde a burro, aconteceu de fato na Rua Paissandu, perto da Estrada do Cajueiro (onde fica o HOSPITAL PORTUGUÊS). Uma criança assim vinha montada em um burrinho, que se espantou com o bonde e empinou. O garoto então caiu sob as rodas do bonde e teve o pé decepado.
Morreu dias depois, no hospital. Era o começo dos desastres relacionados a transportes no Recife.
Quadrinho da HQ BOCA DE OURO (Rua do Imperador com a Pimeiro de Março- 1912)
Os bondes da COMPANHIA FERRO-CARRIL DE PERNAMBUCO (como retratamos na HQ BOCA DE OURO ), empresa que substituiu a Pernambuco Street eram todos abertos e bastante arejados.
Como já mostramos nos textos anexos da HQ, os burros eram trocados de parelhas em paradas estratégicas nas Ruas Nova, Imperatriz e Benfica.
Em vários lugares da cidade, os trilhos da Ferro-Carril se cruzavam então com os das Maxambombas. Estes cruzamentos eram sinalizados com faróis e bandeirolas.
Para ajudar assim nos empacamentos de burros e cuidar da iluminação interna, a Ferro –Carril, a partir de 1910 começu a usar acumuladores elétricos ( antes, de carbureto). Por conta da novidade, os bondes passaram a ser conhecidos pela alcunha popular de “eletro-burros”.