Era Uma Vez

 

Todas as boas histórias de fato começam com um era uma vez.

ERA UMA VEZ ...  então um caboclo de lança. Era Uma vez, um folclore, um folguedo então.

Nesta pequena hq, assim mostramos um pouco de nossas raízes pernambucanas, e tudo se resume nestas palavras. Era uma vez é certamente  uma hq muda, porém fala bem alto ao coração.

Era uma vez  então uma cidade, era uma vez ainda uma lenda, era uma vez  enfim um folclore:

"Os Caboclos de Lança fazem então  parte do folclore rural canavieiro de Pernambuco, e assim acabaram se tornando uma figura-símbolo do carnaval recifense. José Simões, Mestre e fundador do Maracatu Estrela do Monte, é lanceiro desde os 17 anos. Foi  de fato discípulo de Mestre Aprígio, do Maracatu Estrela Brilhante, de Goiana, mas aprendeu muitas das coisas em sonhos, falando com muita discrição e certo temor das "visagens" que recebe.

Segundo o nosso entrevistado, os Lanceiros estão sempre relacionados com a linha indígena de Umbanda, e não de Xangô (de origem africana). São geralmente Filhos de Ogum, Guerreiros de São Jorge, daí certamente  a predominância de vermelho na roupagem.

Seguindo a orientação do seu Mestre Aprígio, nos três dias antes e durante todo o Carnaval, ninguém, no seu Maracatu de baque solto, bebe ou mantém relações carnais. O seu pessoal sai "irradiado", cumprindo "obrigação", especialmente os Caboclos de Lança - que sempre têm ligações com os ritos de umbanda.

Sempre antes de saírem, são "calçados", submetem-se a uma limpeza, um "preparo". É  então o ritual de purificação, que antecede qualquer ato mágico. Ele, o Mestre Simões, certamente recebe um espírito que faz o "serviço certo" com um copo de água, incenso de igreja e extrato de perfume. Com isso  então dá o "banho" no pessoal. Sai tudo cheirozinho. E, enfim acrescenta, dogmático - "A limpeza Deus amou".

Caboclo de Lança

Depois de longos rodeios, Mestre Simões explica a irradiação: "Quando eles então saem à rua com o Maracatu e os Caboclos, as mulheres tomam uma beberagem de vinho ou aguardente com cabeça-de-negro. Folha de macassa e banha, que deve ter ficado em repouso, no escuro, por uns oito dias.

Para os homens a mistura é assim mais forte: aguardente, azeite-doce e pólvora, bem misturados. E que eles tomam em homenagem a Zé Pilintra, para ficarem "azougados" ou sempre irradiados.

Fora do azougue que sempre tomam antes de sair, eles nada mais bebem.  Então para não se prejudicarem e para não atraírem malefícios para sua Nação. Somente enfim os que não são viciados em aguardente tomam o azougue. Eassim  respeitam o preceito de não beberem na rua.

(Texto de Olympio Bonald Neto, disponível no Museu do Homem do Nordeste)

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Lança de Caboclo
Renata Rosa

No mato um caboclo,
O caboclo da mata.

Na trilha do vento
Na noite escura.

No norte do tempo,
Fazendo firula.

No dia e na noite
Dançando pra Lua

Pela tradição
dos seus ancestrais
O toque da mão
Faz a Guerra a e Paz

O Fogo ilumina a poeira do chão
Faísca clareia os olhos do ar
Caboclo segura a lança na mão
E a alma ele lança pra se encontrar

Pela tradição
dos seus ancestrais
O toque da mão
Faz a Guerra a e Paz