LOBISOMEM é o nome dado à criatura que se transforma em lobo nas noites de lua cheia.Mas existe muito mais a se saber a respeito destes seres folclóricos e míticos.
Lobisomens no Recife e Licantropos no Nordeste em Geral
De onde veio a lenda do lobisomem ? E como o lobisomem Recifense é semelhante e diferente à lenda européia?
O lobisomem é certamente uma criatura antropomórfica conhecida desde a Grécia Antiga. Na obra de Ovídio "Metamorfoses", o Rei Licaão, da Arcádia serviu a Zeus uma carne que desagradou ao todo-poderoso do Olimpo, e foi por ele amaldiçoado a se transformar em lobo a cada noite de lua cheia.
A lenda assim do lube também existe em Roma, e lá é conhecido por Versipélio. Esses conceito de lobisomem de fato migrou para a Europa inteira. Temos então o loup-Garou Francês,o Volkodlák dos eslavos, o Werewolf ou Dracopyre dos saxões, o Werwolf dos alemães. Também o Óboroten dos russos, o Hamtammr dos nórdicos, o arbac-apuhc da Península Ibérica.
Assim as primeiras aculturações do Lobisomem no Brasil e América Central , se deu pelas migrações portuguesa e hispânica. Logo o termo se adaptou para Lubiszon, Lobisomem, Lubishome. Nas lendas destes povos, dessa forma trata-se sempre da crença na metamorfose humana em lobo, por um castigo divino.
Há também uma corrente que defende o surgimento da lenda por conta da doença genética Hipertricose Congênita, que tem como característica o crescimento descontrolado dos pelos do corpo. Esta doença então só foi constatada a partir de 1648 na Áustria, mas é possível que tenha aparecido antes desta data em outros portadores.
Coincidência ou não, na cultura Guarany temos a criatura LUISON, o deus da morte. Inspirado no lobisomem original o Luison assume formas animalescas nas luas cheias. Costuma vagar pelos cemitérios, devorando cadáveres em suas tumbas. No Brasil, é conhecido na região Amazônica, no norte do Mato Grosso e em outros países como Bolívia e Peru.
Lobisomem no Nordeste
Provavelmente da cultura relacionada ao Luison veio o lobisomem do Nordeste. Segundo Câmara cascudo, e sua Antologia do Folclore Brasileiro, o lobisomem a principio eram pessoas anêmicas que iam ao cemitério em busca de cadáveres para se alimentar. Com aparência de um grande cão, pernas traseiras maiores que as dianteiras , correndo apoiados nas patas da frente e cotovelos. são de todas as cores, de acordo com a cor do homem de origem. Temos a KUMACANGA no Pará, lobisomem moça que é a amante de um padre, ou a sétima filha deste amor sacrílego. A cabeça voa usando o cabelo como asas.
A ideia do número sete é sempre recorrente. Segundo lendas, o sétimo filho (sendo homem) de uma família só de moças. Ou mesmo o primeiro ou sétimo filho de uma família só de homens. Este ser vaga pela noite comendo coisas imundas para vomitá-las ao se tornar humano de novo. Por este motivo, são homens de aspecto frágil e cor amarelada. Chegamos então ao lobisomem recifense.
O Lobisomem Recifense, lendas da Criatura
Imaginem um monstro feioso, como um cão sarnento meio amarelado, assim totalmente desguarnecido do glamour do lobisomem de terras européias, e você vai visualizar um pouco do lobisomem recifense. A princípio uma das lendas mais famosas é a de "Barata Descascada", um velho habitante do bairro Beberibe, no Recife. De família abastada e muito influente. Este homem então já em idade avançada, era branco igual papel, com cabelos pretos rareando, magro e esquisito. A todos inspirava medo ou pena, e um certo nojo. Pois bem, este senhor assim já de avançada idade, virou lobisomem. Em noites de lua ia até as areias de Salgadinho, Tacaruna e no cais da Lingueta. Assustava de fato as mocinhas que se banhavam lá, as banhistas de roupas pesadas do comecinho do ségulo XX. Branco, cheirandomal como se já estivesse morto.
Conta-se que ele só se curou da "doença" e tomou cores no rosto, ganhando corpo cheio novamente quando contratou para si uma ama de leite. Uma jovem ex-escrava que amamentava seu filho de colo. Isto ainda podemos imaginar como parte da lenda também de Recife em que lobisomem bebia sangue de mulher jovem e de criancinhas, e que o simples contato uma variação do vampiro e dos íncubos medievais.
Uma segunda versão
O outro lobisomem de Recife é um pouco mais galante, mas não menos feio. Conta-se que, em Apipucos, mais para próximo do Poço da Panela, um tradicional e antigo bairro de Recife, o filho de uma família abastada que , do nada, começou a sofrer das doenças do corpo e mente.Este rapaz, morador de um sobrado, era preconceituoso e contra as modernidades. estudante de Direito. Voltou dos estudos para morar no Poço da panela, justamente pelo fato se o bairro ser famoso nos banhos de rio.
Buscando a cura para suas mazelas, tomando medicamentos de ferro tanto de botica quanto de mandinga, o jovem bacharel não conseguia deixar de se transformar nas noites de sexta-feira. Há relatos de ser um misto entre cachorro e porco, de pelo amarelo. Assustava moças, pescadores e barcaceiros, perseguindo sem dó suas vítimas. Era o terror dos moradores de mocambos do Capibaribe. Não se sabe se ele encontrou, de alguma forma em vida, a paz ou a cura, mas que assombrou durante muito tempo Apipucos, Poço e Casa Forte, isto é certeza.
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