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Folclore e Tipos Típicos Recifenses : Garrafús

Folclore também engloba os causos contados,anedotas surpreendentes e sempre atuais

Um piadista incurável, se falava sério ninguém sabia: Conheça o típico malandro Recifense do século XVIII : GARRAFUS

Da série " Tipos Típicos Recifenses, o primeiro é o rei da lorota !

Folclore e Garrafus

Uma das coisas mais legais que existe na história de um lugar é  sempre a presença daquelas pessoas que marcam épocas e que se tornam, por si só, lendas e folclore.

Tipos típicos recifenses assim é a série de reportagens que vai resgatar essas pessoas curiosas. Pessoas que de fato marcaram época na sua passagem pelo Recife e pelo folcore local. Garrafús é uma delas.

Gaiato, desbocado, galhofeiro, sua fama certamente correu Pernambuco. Nasceu no final do século XVIII. Era um rapazola humilde, filho de um pobre sapateiro do bairro de São José.

Morava então na tenda do pai, mas era muito dado a todos e conversador, típico malandro. Bem cedo ele ficou cego de um olho, e conta-se a piada de que, então querendo ir ao teatro da Rua da Cadeia ( teatro que devia existir por ali, perto da atual Casa da Cultura de Recife), isso lá pelos idos de 1775 , alegou poder pagar meia entrada só porque ia assistir a peça com um olho só.

Em outro então  caso de folclore local que parece piada, em uma festa religiosa da Igreja Matriz do Corpo Santo ( que ficava localizada no Marco Zero de Recife), festa solene,  ele entrou na sala do coro da igreja escondido. em cada instrumento de sopro enfiou algo para entupir, e passou enfim  sebo de porco nas cordas dos outros instumento.

Na hora do TE DEUM, quando os músicos começaram a tocar, então foi um Deus nos acuda. obras de Garrafús, que ria para se acabar da confusão armada.

 

O Causo mais Conhecido

Conta-se assim que o pai de Garrafús lhe deu, certo dia, uma moeda de ouro para ele trocar em moedas menores. Garrafús achou muita dificuldade em encontrar alguém que trocasse,  e foi então de loja em loja. Chegou no cais da Lingueta. Já esquecera da moeda,   e de fato ficou olhando um navio que em breve iria para a Europa. Rapazes que passavam, perguntaram a ele: " Então, Garrafús, vem para Lisboa conosco?"

De pronto o rapaz aceitou, e como se fosse dar um passeio ali e já voltasse, embarcou para a Europa. Em Portugal ficou um tempo, sem que ninguém em Recife soubesse seu paradeiro.

Um dia, quando o pai já o julgava morto, aparece na porta da sapataria. Devolve a moeda de ouro ao pai:

-Não consegui trocar não, pai.

Tinha ficado dois anos inteiros fora.

 

Assombrações do Recife : Garrafús e JOÃO GALAFUZ - Duas coisas diferentes.

Vale deixar uma nota da diferença entre GARRAFÚS, o malandro Recifense, e JOÃO GALAFUZ, A ASSOMBRAÇÃO.

Até hoje há quem confunda a ambos, pelas similaridades dos nomes. É provável que Garrafús seja uma corruptela da assombração, pois é alcunha do famoso malandro. Mas são duas coisas diferentes.

JOÃO GALAFUZ  é assombração de Pernambuco, Alagoas e de Sergipe, e conta-se que foi um negro que morreu afogado sem batismo cristão. Alguns sites afirmam erroneamente que Pereira da Costa é pioneiro em  descrever  Galafuz como um duende, mas a origem da lenda é bem mais densa e antiga. Veio antes de Pereira da Costa.

Remetendo às visões do MBOITATA, relatadas por José de Anchieta em 1560, chega em pPernambuco como fogo fátuo. Passa pelo João Delafoice Alagoano, que rouba crianças. Pelo Sergipe, onde é o Jean Delafosse. Um duende, ou luz que persegue as vítimas , e que surge do mar, como prenúncio de tempestades e desastres. A nominação GALAFUZ  vem provavelmente de homem alto ou galalau. Também de Galamastro,ou galé. Se tratando de entidade do mar, pode também fazer referência à povoação portuguesa de Trás-os-Montes, Galafura. O João Galafuz, neste contexto de fogo-fátuo, precede  o "Vocabulário Pernambucano" de Pereira  da Costa.

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