Fernando de Noronha

Fernando de Noronha: O Cajueiro amaldiçoado da Cigana

A ilha de Fernando de Noronha guarda seus segredos e mistérios.

Leia aqui, neste post um breve passeio pela cultura cigana , e a lenda instigante passada boca a boca pelos Noronhenses.

Um Pequeno Resumo sobre a História do Povo Cigano. Da Lenda de Sindi , Nomadismo e Cultura Gitana

Fernando de Noronha é o Arquipélago composto por 21 ilhas, situado a 545km da Costa Pernambucana. A ilha principal, com 17 km quadrados, é assim um pedaço de paraíso preservado.

É  então a única do Arquipélago habitada, e já foi um presídio. Existem de fato muitas lendas e fatos pitorescos que a cercam , e vamos abordar um, bem típico e inédito. mas, primeiro, temos de fazer um pequeno tour pela cultura cigana, para saber de onde veio a lenda .

O povo Cigano é fascinante em sua cultura, com miríades de lendas e verdades. Sobre a origem do povo, conta-se que, no passado tinham um rei. Ele de fato era grandioso, generoso e justo.

Guiava sabiamente o povo na cidade maravilhosa, berço da tradição cigana da Índia, chamada Sind. Ali o povo certamente era muito feliz, com fartura alegria, até que bandos de muçulmanos expulsaram os Ciganos, destruindo sua cidade. A partir daí, então tornaram-se nômades pelo mundo. isto é uma história lendária, mas que guarda similaridades com o real.

O fato é que a grande maioria das culturas hoje estudadas são baseadas em documentos escritos. Já a tradição cigana, de oralidade e poucas fontes escritas, torna um pouco difícil de precisar a origem real.

Mas parece haver um consenso entre pesquisadores de que remonta à Índia Antiga, dois ou três mil anos A. C. O sânscrito antigo, falado na Índia de então, guarda muitos termos com o mesmo significado do Romani,língua mãe Gitana.

A cor da pele similar também  ao tipo Hindu, gosto por roupas coloridas e diáfanas, princípios religiosose normas morais também são similares. Suas andanças pelo mundo originaram inúmeras lendas, inclusive a que vou narrar a seguir.

A lenda da Cigana e o Cajueiro Assombrado

Havia em Fernando de Noronha uma linda e jovem cigana. Morava sozinha perto do atual "Caminho do Sueste",  em uma cabana de madeira e sapê, e assim passava seus dias cantando, feliz.

Como adorava frutas, plantou perto de sua casa um cajueiro, que regava diariamente. A planta cresceu e se tornou frondosa, ficando também famosa na ilha pelos belos cajus que dava.

Apesar de possuir então uns poucos bens, com o tempo a cigana ficou sem dinheiro para viver. Estava então sendo forçada a se tornar uma prostituta, e a vender seus favores a todos. Aos poucos, assim deixou de cantar.

Foi se tornando mais e mais tristonha, até que um dia,morreu. O lugar onde morara se tornou mal assombrado.

Dizem que lá, em noites escuras, pode-se ver também  fantasmas materializados de um general em seu cavalo, todo preparado para a luta. Ao seu lado, também surge um soldado e um padre de batina.

Outras noites escuras, porém, é vista a aparição bela e morena de uma moça. Ela vaga então próximo a um lugar onde, dizem, jaz um caixão de ferro e cobre, cheio de tesouros dos Holandeses, ali enterrados.

É a Cigana, assim tentando enfeitiçar no além como o fez em vida. Um certo dia, um convicto, da época em que a ilha era prisão, afirmou ter ouvido o som de uma cavalgada. Quis correr e não pôde, desmaiando em seguida e só acordando no dia seguinte.

Esta lenda foi colhida na Ilha e registrada. mário Melo fala dela em seu "Archipelago de Fernando de Noronha - Geografia Physica e Política" , publicado em 1916. Pereira da costa e Campos Aragão a registraram através de uma poesia  de Adolfo Cardoso pinto, folclorista e poeta recifense.

Curiosidades Sobre a Lenda

Alguns historiadores comentam que os ciganos, como um povo nômade, chegaram em Fernando de Noronha no século XVIII, mais provavelmente em 1718.

Eram, no entanto, desordeiros na época, e foram banidos da ilha. Daí provavelmente vem a lenda da "Cigana do Cajueiro", guardando neste fato a ligação com a verdade.

Sobre o tesouro do caixão de cobre e ferro, enterrado pelos Holandeses, isto também se fundamenta no tempo em que os Holandeses ficaram em Noronha.

Chegaram lá em 1629 ( um ano antes do ataque à Olinda e Pernambuco), e de lá foram expulsos a mando de mathias de Albuquerque. Alguns, no entanto, se esconderam pelos rochedos e possivelmente lá enterraram algo. Em 1635 os Holandeses, já dominantes em Pernambuco, se estabeleceram em Noronha até 1645.

A lenda do Cajueiro não é um evento único, no entanto.  Tem bastante semelhança com uma lenda narrada em Goiana, por Andréa Gondim Fernandes, no seu livro "Velhos Engenhos de Minha Terra" publicado em 1986.

Ela conta que havia, em terras do Engenho Pedregulho, um cajueiro secular, também conhecido como Cajueiro do Bode, que era malassombrado, Ficava ao lado da porteira, e de vez em quando a trava se soltava e se abria, como mágica. Também gritos, gemidos e pedidos eram escutados por quem ali passasse.

 

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