Um grande homem e estrategista , Maurício de Nassau com toda a certeza veio com implementações incríveis.
E é HISTÓRIA VERDADEIRA!
Vamos falar um pouco de todas e cada uma delas. Para estrear, uma das histórias mais bizarras e curiosas!
Mauricio de Nassau mudou a paisagem Recifense.
Ainda hoje há uma certa divergência nos meios acadêmicos sobre o Governo Holandês como um todo. Muitos historiadores no entanto acreditam que houve um progresso absurdo de Recife na época do domínio Batavo. Quase um consenso de todos, consideram, de fato, que Nassau foi certamente o grande catalisador progressista de Recife, e que sem ele a cidade não teria o traçado atual.
Maurício de Nassau e Uma Recife em Pé de Guerra.
Temos de imaginar no total o panorama resumido : Antes da Invasão Holandesa, a cidade grande era Olinda, onde os nobre moravam. Recife era então um mero amontoado de casinhas e depósito de açúcar dos engenhos. Várias vezes invadido, o chamado "Lugar do Recife" ou "Arrecife dos Navios" abrigava de fato uma pequena vila de pescadores e igreja.
A Invasão Holandesa mudou totalmente este panorama.
Olinda então tinha áreas bem fracas na defesa de suas portas, e a Holanda cobiçou o açúcar de Pernambuco. Invadiram Olinda perto do atual bairro de Rio Doce. Os moradores de Olinda receberam assim o ultimato de deixar a cidade, que foi queimada quase que totalmente. Fugiram então para Recife, e lá começaram a construir casas para todos. Neste ambiente, a princípio começou a defesa dos territórios na cidade, e os ex-olindenses se organizaram para defender e lutar contra o invasor. Isso no ano de 1630.
Estas batalhas foram renhidas e desgastantes, houve cercos, batalhas , fome, mortes e traições. O Governo Holandês certamente ia mal das pernas no quesito popularidade, inclusive por conta de mudar o culto da cidade, nomes de ruas, etc. Seria necessário um bom estrategista que mesmo renovasse o governo, fosse excelente militar e, ao mesmo tempo, implementasse benfeitorias para agradar a população. Neste cenário, Entra então o Príncipe.
A Companhia das Indias Ocidentais tinha com certeza o homem certo para a coisa. Conde Maurício de Nassau. E chega o nosso herói em 23 de janeiro de 1636. Jovem, bonito e marqueteiro.
Johan Maurits van Nassau-Siegen
Maurício de Nassau era Bon vivant, hedonista e ambicioso, estava enfim endividado com sua casa em Holanda, o paláco Mauritshuis de Haia.
Devia mais de 600.000 florins e aceitar o convite da Companhia das índias foi a forma que ele encontrou de saldar as dívidas. De longe, continuaria mandando dinheiro para financiar sua casa de Haia.
Veio Maurício de Nassau assim com um séquito digno de um rei . Artistas, arquitetos, construtores, historiadores. Se enamorou totalmente de Recife e resolveu fazer daqui sua Mauricéia, Mauritiopolis, Cidade Maurícia .
Maurício de Nassau trouxe então da Europa plantas de castelos medievais, e evoluiu a arquitetura da cidade a um ponto que Recife era maior e mais moderna na época, que NOVA AMSTERDÃ, atual Nova York.
Sim de fato houve um tempo que Recife foi a cidade mais moderna das américas. Falaremos das curiosidades deste período em outras postagens futuras, pois hoje vamos focar no boi!
Na época das construções, o transporte entre a Ilha de Antônio Vaz ( o agora bairro de Santo Antônio) era feito de fato por embarcações. Não era sinal de uma metrópole em ascensão. Logo, Maurício de Nassau resolveu ligar a ilha ao bairro do Recife . Abriu enfim concorrência de arquitetos e foi selecionado Baltazar de Affonseca.
A ponte então teve seus trabalhos iniciados em 1642 .Construíram então os dois arcos de alvenaria e as bases (pilares) em pedra. A ponte se tornou a obssessão de Nassau, que deixou de mandar dinheiro para Haia e investiu na construção do próprio bolso. Com o orçamento estourado, ele teve a ideia de cobrar pedágio dos passantes na ponte. mas o dinheiro entrava de pouco em pouco. O que fazer?
"Fiquei um mês sem poder falar, de ver um boi amarelo voar..."
Já mencionei o excelente marqueteiro e businessman que Nassau era. Mesmo investindo pesado do próprio bolso, não estava conseguindo financiar a ponte. Ele precisava de algo que "vendesse" o produto, algo que fizesse publicidade de sua idéia. Um garoto propaganda, talvez?
Havia no Recife um homem então chamado Melchior que possuía um boi mansinho, boi de coleira, amarelo. O boi era extremamente popular na cidade, e sempre quando Melchior ia a um armazém, o boi aguardava a volta do dono, na porta.
Todos adoravam o boi, que era bastante popular entre crianças e adultos. Observando isto então Nassau teve a brilhante ideia de usar o boi para vender pedágio da ponte.
Como? Com uma grande festa na ponte, aberta a todos ( claro , pelo preço do pedágio). E nesta festa, o assim famoso boi amarelo de Melchior iria voar! Sim, o boi voaria de um lado ao outro da ponte, e todos poderiam ver pelo preço módico do pedágio de ida e volta.
A cidade se alvoroçou. Boi voa? não voa?
Ah, mas se tem alguém capaz de fazer o boi voar certamente é aquele danado do Príncipe João Maurício !
No dia da inauguração assim a cidade em peso compareceu para ver o boi de Melchior voar. E foi muito interessante o truque, para a época: Nassau fez um boi de palha e couro pintado de amarelo.
Então o fez suspender por um sistema de roldanas e cordas atravessando de um arco a outro da ponte. Na hora marcada, o boi voou, sob os olhares assombrados de toda a Recife. voou de um lado ao outro da cidade. Eita João Maurício danado, esse! Com o lucro, ele conseguiu terminar a ponte ( o que faltava) e repor ainda algum dinheiro ao caixa administrativo.
Influências do BOI VOADOR na história Brasileira
Boi Voador Não Pode
Chico Buarque
Quem foi, quem foi
Que falou no boi voador
Manda prender esse boi
Seja esse boi o que for
O boi ainda dá bode
Qual é a do boi que revoa
Boi realmente não pode
Voar à toa
É fora, é fora, é fora
É fora da lei, é fora do ar
É fora, é fora, é fora
Segura esse boi
Proibido voar
Em 1973 Chico Buarque lança a peça CALABAR, baseada na história de Recife do século XXVII. Conta a trajetória de Domingos Fernandes Calabar, considerado o grande traidor de Pernambuco, mas que apenas não agiu conforme os mandos de Portugal. A peça foi censurada pelo governo, pois denunciava as obras faraônicas e embargadas do governo, além de fazer alusões à situação política da época. Ditadura militar a toda, era proibido "voar", não importa qual fosse o sentido do "vôo". A peça terminava com Nassau provando que o boi voaria e dançando, com toda a ginga Holandesa que Recife conheceu.
Isso seria bem possível. Apelidado de "O Brasileiro", Nassau nunca esqueceu nossas terras. Recife foi mais doce que o açúcar para ele, e ele carregou nossa cidade nas lembranças pelo resto da vida.
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