Teatro de Santa Isabel: História e Glórias em 166 anos

Teatro de Santa Isabel: História e Glórias em 167 anos

Teatro de santa Isabel : O que existe em sua história ao longo destes 166 anos de música e artes cênicas.

A mais bela representação do estilo neoclassicista se mostra na exuberância de 167 anos . Conheça um pouco das curiosidades e história deste marco cultural brasileiro.

Parte 2 - História do Teatro de Santa Isabel : Das documentações até os dias atuais.

Em 1839, Recife estava de fato no processo de aculturação Francesa.O então futuro Conde da Boa Vista, Francisco do Rego Barros era presidente da província (1837-1844). Formado em matemática na França, Francisco deu os primeiros passos para a documentação de construção do teatro.

Três projetos foram cogitados, dois criados pelo Engenheiro Francês Louis Léger Vauthier ( mesmo idealizador do Campo Santo de Santo Amaro das Salinas).Por fim um dos projetos era caro demais; o outro no entanto um pouco mais modesto, foi o aprovado. Vauthier chegou em Recife em setembro de 1840.

Teatro de Santa isabel no Campo do Erário, idos de Teatro de Santa isabel no Campo do Erário, idos de 1850 - Gravura de Luis Krausseatro de Santa isabel no Campo do Erário, idos de 1850 - Gravura de Luis Krauss850 - Gravura de Luis Krauss

Teatro de Santa isabel no Campo do Erário, idos de 1850 - Gravura de Luis Krauss

 

 

Foi escolhido de fato o como local o Campo do Erário para a construção do teatro novo, até então chamado de Theatro de Pernambuco. O nome permaneceu até a finalização da obra. Houve então a sugestão de mudança de nome em homenagem à Princesa izabel, filha de D. Pedro II.

Em alguns documentos que ainda se encontram no Arquivo Público do Estado, o teatro ainda é chamado de Theatro de Pernambuco. Recebeu então a alcunha de Teatro De Santa Izabel, dedicado à princesa e à santa de mesmo nome.
A grande atriz, pesquisadora e ex Diretora do teatro Geninha da Rosa Borges disse, certa vez, que o teatro nunca deveria ter perdido o “de” , pois significava a entrega do teatro à proteção de Santa Isabel, a mãe de São João Batista .

Além de perder o ”de” também, a posteriori, Izabel recebeu a grafia moderna em 1949,então na ocasião de seu tombamento.

Curiosidades, incêndio

O teatro seria inaugurado em maio de 1850, mas as chuvas fortes atrasaram sua estréia em duas vezes. Por fim , a 18 de maio, abriu as portas à sociedade local. Apresentaram um Elogio Dramático, foi tocado o hino nacional. Em seguida, o seleto público assistiu ao drama de Mendes Leal, escritor Português em voga , “ O pajem D’Aljubarrota”.

Varanda de frisa do Santa Isabel, gravura de Luís Schlappriz para o Álbum de Pernambuco.

Varanda de frisa do Santa Isabel, gravura de Luís Schlappriz para o Álbum de Pernambuco.

Apenas 19 anos depois, sofreu o terrível incêndio que o pôs ao chão. Vauthier já não se encontrava no Brasil. O equipamento da ópera FAUSTO, de Berlioz e Goethe,que estava armazenado no camarim da prima donna, provavelmente ocasionou o desastre. Todo o teatro sucumbiu, a única coisa que sobrou foi o piano PREVEL, restaurado para a reinauguração em 2000.
Em 1870, a orientação para recontruir o teatro foi dada pelo próprio Vauthier, engenheiro-chefe de construção do projeto original. Apesar de estar em Paris, suas recomendações foram respeitadas nos menores detalhes.

Restauração do Teatro de Santa Isabel

O teatro em 1867, quase ao final da reforma. Ao fundo, um trem urbano.

O teatro em 1867, quase ao final da reforma. Ao fundo, um trem urbano.

Ficou pronto em 1875, foi reaberto em 16 de dezembro de 1876. Levava então o espetáculo “Un Ballo en Maschera”, de Verdi, pela Companhia Lírica Italiana Thomaz Passini. Pela primeira vez, mulheres puderam ocupar as cadeiras da platéia a olhos vistos, pois até então apenas ficavam nos camarotes. Recebeu novas estruturas de ferro fundido, e corredores mais acessíveis. O primeiro lustre, desaparecido no incêndio, foi recolocado no seu lugar de honra.
O segundo lustre do salão já apareceu na reinauguração de 1876, com 152 bicos de gás carbônico. aNão havia energia elétrica à época (a iluminação externa era feita com óleo de mamona). O Teatro de santa Isabel recebeu inúmeros grandes mestres, e em 1882 e 1895 o próprio Carlos Gomes, regendo respectivamente “ Salvador Rosa” e “O Guarani” se fez presente em seus palcos.

1950 -Centenário do Teatro santa Isabel

Ao longo de 80 anos pois  outras modificações foram encetadas, acréscimo de lustres, restaurações elétricas e sanitárias. Mas foi em 1950 que houve a grande reforma para o centenário do Teatro de Santa Isabel .

Ficou então  fechado de 14 de setembro de 1948 até 18 de maio de 1950 para dar lugar à reforma. As obras estiveram sob a direção geral do engenheiro Abdias de Carvalho, diretor de obras, e do Engenheiro Ayrton de Almeida Carvalho, representante do Patrimônio Artístico Nacional e de Valdemar de Oliveira, então diretor do Teatro de  Santa Isabel.

Alfredo de Oliveira e uma jovem Geninha da Rosa Borges em um sketch de "Um Século de Glórias" - Peça do Centenário.

Alfredo de Oliveira e uma jovem Geninha da Rosa Borges em um sketch de "Um Século de Glórias" - Peça do Centenário.

A platéia ganhou assim  302 novas cadeiras, em couro verde oliva, laqueadas e estofadas nas frisas e camarotes. A pintura externa (rósea) e a pintura interna (bege) foi refeita,  também a fiação foi embutida e oito possantes refletores foram postos para iluminar o edifício.
O Teatro ganhou de volta a extinta biblioteca, recolocada pelo próprio Valdemar de Oliveira. Toda uma programação foi criada para o evento, com o ambicioso projeto “Um Século de glória”, onde o Teatro de Amadores de Pernambuco reencenou em 2 atos de 10 cenas cada, os grandes marcos que passaram pelos palcos.

Foram gastos milhares de cruzeiros, e atores recrutados de outras companhias teatrais recifenses. O próprio maestro Nelson Ferreira comandou a orquestra formada por 32 professores de música. No mesmo ano, a Companhia de Correios do Brasil emitiu um selo homenageando o Teatro.

Um Século de Glórias- Peça de Waldemar de Oliveira. Na cena, vemos a reencenação de "O Pajem D'aljubarrota" no sketch do primeiro ato.

Um Século de Glórias- Peça de Waldemar de Oliveira. Na cena, vemos a reencenação de "O Pajem D'aljubarrota" no sketch do primeiro ato.

Dias Atuais

O Teatro de santa isabel também sofreu na revolução de 30: Detalhes de tiros que atingiram a lateral do prédio.

O Teatro de santa isabel também sofreu na revolução de 30: Detalhes de tiros que atingiram a lateral do prédio.

Em 1977 o teatro recebeu então  instalações de ar condicionado, mas foi em 2000 a reforma que trouxe de volta o apuro histórico da restauração às cores  e detalhes criados por Vauthier. Foram encontradas oito camadas de tinta, no resgate do original desta última restauração.

Da cor principal nesta restauração, o bordô de Vauthier, pode-se dizer que está o mais  certamente próxima possível do original. Também foram restaurados o azul acimentado, o dourado e o tom creme original do Teatro neste rigoroso restauro. Os dois tons de rosa da fachada também foram renovados com fidelidade. O Governo do Estado, em parceria com a Prefeitura da Cidade do Recife, responderam por essa reforma.

à esquerda, a planta do Santa Isabel antes da reforma de 1950- As frisas, o "paraíso" (atrás) e as cadeiras laterais de mola, chamadas de "ostras", que foram retiradas; à direita vemos na reforma de 2000 as 8 camadas de cores encontradas nas colunas, em resgate histórico.

à esquerda, a planta do Santa Isabel antes da reforma de 1950- As frisas, o "paraíso" (atrás) e as cadeiras laterais de mola, chamadas de "ostras", que foram retiradas; à direita vemos na reforma de 2000 as 8 camadas de cores encontradas nas colunas, em resgate histórico.

2010 brindou os 160 anos do Teatro,  e atualmente  o Campo do Erário abre os salões de seu “Theatro de Pernambuco” para apresentações de companhias teatrais, orquestras, óperas e outras , e possui uma visita guiada bastante interessante.

Para acessar o site com ais informações, e agendar a visita,  clique AQUI.

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